O antigo capitão do Vitória SC viajou até à época de 2007/08, marcada no final por um honroso terceiro lugar na Liga com direito a participação na pré-eliminatória da Champions, para recordar o retumbante triunfo sobre o Sporting, por 2-0. Num “ambiente incrível”, tudo começou com um improvável golo de Sereno
Há jogos arrepiantes e Flávio Meireles não tem dúvidas de que a receção ao Sporting, em 2007/08, atiçou de forma especial a adrenalina de jogadores e adeptos do Vitória SC, que, no final, saborearam um triunfo por 2-0, com golos de Sereno e Fajardo. A equipa comandada por Manuel Cajuda terminaria o campeonato em terceiro lugar e o médio que envergava o número 26 não tem dúvidas de que esse jogo expressou claramente o seu enorme potencial, fazendo por merecer a enchente verificada no Estádio D. Afonso Henriques. Foi a tempestade perfeita para mais uma jornada inesquecível.
Época memorável: “Foi uma época fantástica, a todos os níveis. Terminámos o campeonato em terceiro lugar, um lugar histórico para o clube. Vínhamos da II Liga e superámos todas as expectativas, fruto do trabalho desenvolvido pela equipa técnica liderada por Manuel Cajuda e por um grupo de jogadores muito unidos e de qualidade. Se não tivessem qualidade, esse terceiro lugar não teria sido possível. Nesse jogo, já estávamos precisamente em terceiro lugar, à frente do Sporting, com a vantagem de um ponto, e ainda nessa época até chegámos a alcançar o segundo lugar. Era um jogo muito importante e, como é normal, o Estádio D. Afonso Henriques estava totalmente cheio”.
Atmosfera especial: “Era um ambiente incrível. Refletia a excelente época que estávamos a fazer, embora se saiba que os adeptos do Vitória aparecem sempre em grande número, incluindo em momentos delicados. Aparecem sempre que a equipa precisa, mas recordo-me, de facto, de um ambiente extraordinário”.
Nomes: “Há coisas curiosas: o Moreno esteve como jogador nessa partida e agora é o treinador do Vitória. O Nuno Santos também esteve nela e agora é adjunto, enquanto o João Aroso, outro atual treinador-adjunto do Vitória, estava do outro lado, como adjunto do Paulo Bento. Lembro-me que no Sporting começavam a aparecer o Rui Patrício, o João Moutinho, o Adrien… e ainda tinha o Abel Ferreira, entre outros”.
O improvável Sereno: “Foi um jogo equilibrado, mas o Sereno inaugurou o marcador a acabar a primeira parte e tudo mudou. E não era muito normal que fizesse golos. Na segunda parte defendemos muito bem. A nossa organização defensiva era muito forte e até desperdiçámos um penálti. O batedor habitual de penáltis era o Ghilas, mas ele já tinha sido substituído e foi o Alan a falhar o penálti para o 2-0. Não nos deixámos abalar por isso e acabámos por fazer um segundo golo já na parte final da partida, numa transição. O Roberto deu para o Fajardo, que, depois, finalizou muito bem”.
Camisola guardada: “Foi fantástico e acabámos em beleza um jogo importantíssimo. Alargámos a nossa vantagem para o Sporting e foi luta até ao fim do campeonato, com o Sporting a terminar em segundo lugar e nós em terceiro. Foi uma época memorável a todos os níveis. Guardo com muito carinho a camisola que vesti nesse jogo porque se tratou mesmo de uma época memorável, a todos os níveis. Vai ficar para sempre na minha memória. Já passaram 15 anos e, por isso, é muito bom recordar esse momento”.
O dedo do capitão: “Os jogos grandes são sempre diferentes. Mexem connosco em termos emocionais e de responsabilidades. Não deveria ser assim, mas somos humanos e esses jogos influenciam sempre. O nosso estado de alerta é outro. Mas aquele grupo, fruto de uma dinâmica de vitórias e também pelo facto de termos subido de divisão, era muito forte. Olhava para os meus colegas e sentia aquela vontade de ganhar. Tivemos jogos difíceis ao longo da época, mas a equipa acreditava sempre. Havia fome de ganhar. A vitória estava sempre presente. Como capitão, só tinha de dar uns abanões, porque aquele era um grupo muito ganhador”.
União para segunda-feira: “Acredito que o Estádio D. Afonso Henriques voltará a apresentar um ambiente único, criado pelos adeptos. É a imagem de marca desse estádio: criar grandes ambientes e que não se veem em mais lado nenhum. Acredito que os vitorianos vão aparecer em força para a apoiar a equipa nesta fase delicada. Ainda há muita coisa para disputar nesta fase da época, muito pontos para conquistar, e essa união das bancadas terá de ser muito forte. Os jogadores precisam de sentir isso para fazer uma grande partida, oferecendo como prenda uma vitória”.
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