Presente na mirabolante igualdade com o Sporting (3-3), em 2016/17, Bruno Gaspar percebeu que “tudo seria possível” a partir do momento em que os adeptos se tornaram num inferno para os visitantes. Um precioso bis de Moussa Marega foi meio caminho andado para um resultado positivo improvável, num jogo em que os leões pareciam esmagar
A fé nunca se perdeu, Pedro Martins tratou de jogar ao ataque ao apostar nas substituições devidas, fazendo saltar do banco João Aurélio, Bernard Mensah e Raphinha, e um bis de rajada de Moussa Marega, com o primeiro golo a surgir de penálti aos 74 minutos, foram explosivos infalíveis num Vitória SC-Sporting inesquecível. Aconteceu na época de 2016/17, com os conquistadores a reagirem, de forma impressionante, a uma pesada desvantagem no marcador (de 0-3) a partir dos 75 minutos. O golpe de teatro (3-3) haveria de ser assinado por Tiquinho Soares aos 89 minutos, roubando por completo o sono a Bruno Gaspar. O lateral-direito viveu tudo por dentro e não se lembra de um jogo tão eletrizante.
Reação a partir dos 74 minutos: “Tudo começou com um penálti arrancado pelo Hernâni. Na marcação, o Marega atirou para um lado e o Patrício foi para o outro lado. Estávamos a perder por 3-0 contra uma grande equipa, mas continuávamos a disputá-lo, sem cessar, e esse golo ajudou. O 3-2 [também de Marega] surgiu muito rapidamente, em menos de cinco minutos [aconteceu aos 75 minutos], e a partir daí fomos empurrados pelos nossos adeptos. Percebemos que tudo seria possível. O Estádio D. Afonso Henriques virou um vulcão, completamente”.
As mensagens de Pedro Martins: “As substituições operadas pelo míster Pedro Martins apontavam para uma reação. Não meteu defesas para evitar mais golos sofridos. Entraram, por exemplo, o Raphinha e o João Aurélio (esse para jogar a médio)… A mensagem dele é que tudo era possível, mesmo a perder por 0-3. Só lhe restava essa forma de comunicar connosco, através das substituições. Por mais que tentasse falar, não se ouvia nada no estádio tal era o barulho. Quando estás lá dentro, é muito difícil comunicar com o banco. O Pedro Martins foi inteligente e conseguiu mexer connosco”.
Conexão: “Quando surgiu essa grande penalidade aos 74 minutos, olhámos para o marcador e pensamos assim: ‘porque não?` Passados cinco minutos, fizemos o 2-3 e depois aconteceu o livre que proporcionou o nosso terceiro golo. Do outro lado estava um Sporting fortíssimo, comandado por Jorge Jesus e candidato ao título. Sabíamos que não seria fácil repor a igualdade perante um adversário tão poderoso, mas o nosso estádio é sempre muito complicado para os adversários. Quando os jogadores e os adeptos conseguem conectar-se, estas coisas acontecem”.
Do fundo do poço: “Tratou-se de um dos jogos mais arrepiantes da minha carreira. Também estive num 3-0, com o Rui Vitória, mas esse 3-3… Depois de estar a perder por 0-3, conseguir recuperar daquela forma: isso diz muito de uma equipa. Foi o mote para uma grande época. Descolámos do fundo do poço e atingimos o topo”.
Magia e insónia: “Nesse dia fiquei acordado até tarde, a tentar gerir as emoções do jogo. Acho que quase ninguém dormiu nessa noite. Houve magia.
Perplexidade do outro lado: “Não me lembro de ter conversado com algum jogador do Sporting no final da partida, mas recordo-me bem das suas caras. Acho que não tinham a noção do que tinha acontecido ali. Foi claramente um jogo especial”.
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