Um golo de bandeira apontado ao Vizela deixou Afonso Freitas nas nuvens. Dono e senhor do corredor esquerdo do Vitória SC, o lateral assume, porém, que se habituou há muito a valentes surpresas, como experimentou em Itália

Nem em sonhos Afonso Freitas imaginou que seria capaz de levantar o Estádio D. Afonso Henriques com um golo fabuloso, num remate potente e colocado, desferido de fora da área, frente ao Vizela. O primeiro registado ao serviço da equipa principal do Vitória Sport Clube aconteceu de forma retumbante e o lateral-esquerdo não esconde que se agarrou ao telemóvel para o apreciar, em modo de repetição, mal chegou ao balneário. A carreira promissora ainda só está no começo, mas o seu passado recente já encerra curiosos episódios. Numa entrevista exclusiva à comunicação do clube, Afonso Freitas abriu o coração, dando conta de uma equipa motivada e decidida a somar o terceiro triunfo consecutivo em Vila do Conde, neste domingo.
Golo ao Vizela num pontapé de fora da área: “Para ser sincero, nunca me passou pela cabeça estrear-me a marcar pela equipa principal daquela forma. Foi um bom lance: peguei na bola e fui por ali fora até rematar. Imaginava um golo mais simples, talvez num remate de primeira ou de cabeça. Desta forma, nunca. Tive a noção de que tinha feito um bom golo e, por isso, mal terminou o jogo fui para o balneário rever as imagens. Não é todos os dias que acontece uma estreia daquelas num palco com a grandiosidade do Estádio D. Afonso Henriques”.
Remate de pé direito de um… lateral-esquerdo: “Desde muito jovem que atuo sobre a esquerda e me habituei a jogar (e a rematar) com os dois pés. Talvez por isso cheguei a jogar como lateral-direito nos sub-23, sob o comando do técnico Luís Castro, que já me conhecia antes de eu ter ido para Itália”.

A aventura em Itália: “Fui muito novo para o estrangeiro e isso ajudou-me bastante em termos mentais. As saudades de casa eram grandes. Estava muito habituado a estar com a família e, de repente, isso despareceu. Mas era uma oportunidade que eu não podia desperdiçar. Ajudou-me a crescer e a experimentar outro estilo de jogo. Em Itália pratica-se um futebol diferente: privilegia-se muito a tática. É um futebol mais defensivo, as equipas trabalham muito essa componente. Fui para lá com 16 anos e, já nesse escalão, deparei-me com treinos longos e muito duros a nível físico”.
Fotos com Ronaldo na Juventus: “Nas pré-épocas da Juventus, a equipa principal costuma defrontar a chamada equipa primavera, composta pelos juniores do clube. São jogos muito direcionados para os adeptos e realizam-se sempre na terra do presidente. Foi num jogo desses que tive a oportunidade de me cruzar em campo com o Ronaldo, precisamente na primeira época dele na Juve. Felizmente, poucas ações tive com ele porque estávamos em corredores opostos”.
O ídolo de sempre: “Tivemos uma conversa muito breve. Nessa altura, o Ronaldo andava rodeado de seguranças e, por isso, era muito difícil chegar a ele. Só tive a oportunidade de lhe pedir para tirarmos uma fotografia juntos e ele aceitou. Mas foi arrepiante defrontá-lo. É o meu ídolo, sempre o admirei e vou continuar a admirar. Estar envolvido no mesmo jogo foi qualquer coisa inexplicável. Uma coisa é vê-lo na televisão, estar com ele pessoalmente é incrível”.

O embalo de dois triunfos seguidos: “Deram muito ânimo à equipa. É sempre preferível trabalhar em cima de vitórias e contamos ganhar os jogos que restam do campeonato”.
Defesa com mais opções: “A concorrência é salutar em qualquer equipa. Havendo mais jogadores disponíveis, a competitividade aumenta nos treinos e depois a equipa sai a ganhar com isso nos jogos. Ninguém pode descansar à sombra da bananeira”.
Visita ao Rio Ave: “É sempre difícil jogar em Vila do Conde. Por um lado, o Rio Ave tem uma boa equipa; por outro, teremos de lidar com o vento forte. É um fator que influencia muito os jogos. Seja como for, vamos dar uma boa resposta, tal como demos diante do Vizela, que também é uma equipa forte”.

Equipa a um ponto de igualar a pontuação da primeira volta (24): “O Vitória está a fazer uma época boa. Temos a oportunidade de somar mais pontos do que na primeira volta e isso é fantástico. Isso diz muito sobre o nosso valor”.
Apoio dos adeptos: “O Vitória arrasta multidões. Os nossos adeptos acompanham a equipa para todo o lado. São incríveis. É uma pressão boa”.