Nandes fala do período em que esteve lesionado e mostra-se “muito motivado” para o que aí vem
Depois da tempestade, vem a bonança. Este será, certamente, o ditado que Nandes quer ver realizado na sua vida. O médio, que vai cumprir o primeiro ano de Sub-19, viu e apoiou de fora todo o percurso da equipa de Sub-17, da qual fazia parte. No último jogo da época de 2021/22, Francisco Fernandes, ou Nandes como é tratado, sofreu uma lesão grave. Dias depois, chegara o resultado e a má notícia: rotura de ligamentos cruzado. Seguiram-se mais de dez meses de paragem e uma prova de superação. Voltou no último jogo de 2022/23, num momento de homenagem ao ‘calvário’ que viveu.
Em entrevista aos meios de Comunicação do Clube, o jovem vimaranense partilhou a dor sentida aquando da lesão mas mostrou, ao longo de toda a conversa, a maturidade que ganhou com esta adversidade. “Foi muito complicado, não tinha ideia da gravidade de uma lesão destas e do período longo de paragem. Fiquei abalado quando o meu pai me deu a notícia e foi realmente um choque quando soube que seriam tantos meses. Felizmente, já faz parte do passado e sinto que cresci com toda esta situação. Hoje, olho para as coisas de outra forma e não faço dramas com situações menores”, começou por dizer.
A forma como olha para os obstáculos é, agora, diferente e serve também como ensinamento aos colegas, a quem procurou apoiar sempre que se sentiam desanimados. Nandes é especial e procurou, ao longo da época, contribuir para o sucesso da equipa. “Quando os meus colegas ficavam aziados por não jogarem, e é normal não gostarem de estar no banco, eu dizia que, pelo menos, eles podiam jogar, enquanto eu estava a contas com uma lesão e tratamentos diários. Esta forma de pensar é uma das lições que retiro da minha lesão. Começamos a dar mais valor àquilo que vamos conquistando, porque quando estamos de fora vemos o que realmente vale a pena. É, também por isso, que não digo que foi um ano totalmente negativo pois sinto que estou melhor preparado para o futuro”, atestou.
E, dez meses depois, o sol voltou a brilhar na vida de Nandes. Ultrapassada a lesão, o jogador foi chamado para os últimos duelos da época para a condição de suplente. Os primeiros minutos aconteceram apenas no adeus a 22/23 mas Nandes já contava com a surpresa do mister: “Percebi que o regresso poderia estar para breve porque fui começando a ‘joker’ nos treinos e senti-me muito bem. Já tinha sido convocado no jogo anterior mas sabia que aí seria difícil jogar. Depois, no último jogo, quando o mister me chamou, fiquei imensamente feliz. É engraçado porque, normalmente, um jogador não gosta de começar no banco e entrar nos minutos finais mas eu estava ansioso e muito motivado para isso. Aproveito para agradecer ao mister por me ter proporcionado esse momento e a todos aqueles que me ajudaram ao longo deste processo”.
No último jogo, entre Vitória SC e SL Benfica, a Academia recebeu, por isso, adeptos especiais na sua bancada. “Os meus pais estavam na bancada, ansiosos por me verem a jogar novamente. Infelizmente, a minha irmã não pôde estar presente e sei que foi difícil para ela, pois foi das pessoas que mais sofreu com a minha lesão. Nesse dia, ela teve o último exame na Universidade e não conseguiu ver-me mas sei que quer muito o meu sucesso. Somos uma família muito unida, aliás, eu comecei a praticar futebol por influência do meu pai. Ele também jogava à bola e quando eu comecei, aos 3 anos no Arões, ele era lá jogador, o que não deixa de ser engraçado”, contou.
“O Händel é um exemplo para mim”
Prestes a dar início a uma nova temporada, Nandes parece preparado para a “exigência” do escalão de Sub-19. “Vamos ter uma equipa forte, mais maturada e com mais experiência. A equipa que transita da última época, dos Sub-17, tem muita qualidade e vai poder continuar a crescer nos Sub-19. Sabemos que temos de andar e trabalhar muito. Aliás, se queremos jogar nas equipas principais do Vitória, temos de ter rendimento nos escalões de formação”, afirmou.
O médio, que se define como um jogador inteligente e com forte visão de jogo, espera poder mostrar o seu valor na época que aí vem e seguir os passos de quem olha como “referências”. “Há um conjunto de jogadores que admiro, como o Dani Silva, o André André ou o Tiago Silva, aliás penso que o Vitória está muito bem servido nesta posição, mas tenho de referir o Tomas Händel como uma referência e exemplo a seguir. Trata-se de um jogador que esteve muito tempo parado e regressou da forma como regressou, bem fisicamente e ainda a marcar um golo importante em Vila do Conde”, lembrou.