Substituto provisório de Moreno Teixeira no comando técnico do Vitória Sport Clube, João Aroso apelou a que a equipa seja devidamente apoiada na receção ao Gil Vicente, certo de que tem jogadores para somar o segundo triunfo consecutivo no campeonato
A tempestade provocada pela saída inesperada de Moreno Teixeira passou. O avançar do tempo devolveu a força anímica ao grupo e, por isso, João Aroso aposta na conquista dos três pontos neste sábado, frente ao Gil Vicente, depois da estreia precisamente a ganhar na Amadora, que de forma paradoxal, soou a derrota por causa de uma pálida exibição e do posterior anúncio (inesperado) da saída do técnico principal. Responsável pela preparação da equipa nesta semana, o substituto provisório garante que o próximo adversário foi bem estudado e, por entre elogios aos atletas, pediu aos sócios do Vitória Sport Clube a paciência possível durante a Conferência de Imprensa de antevisão do jogo.
Momento atribulado: “As primeiras palavras que transmito são para o Moreno. Mando-lhe um abraço e agradeço-lhe o convite que me fez há um ano e tal de forma insistente para ajudá-lo aqui. O momento atual não é fácil, mas vamos tentar lidar com ele da melhor forma possível. Há várias incidências a considerar, nomeadamente a eliminação da Conference League e a posterior saída do Moreno. Tudo isto abala e requer recuperação, sobretudo no aspeto mental. Foi isso que senti durante a semana. Apesar de termos vencido na Amadora, parecia que tínhamos perdido, mas depois as coisas foram evoluindo do ponto de vista anímico. Sinto o grupo preparado, unido e com muita vontade de fazer tudo para ganhar neste sábado”.
A semana de trabalho: “Tínhamos uma forma de trabalhar especial. Tudo era muito partilhado entre todos os elementos da equipa técnica, desde a preparação dos treinos aos jogos. A grande diferença desta semana para as outras é que não estava cá o Moreno. Coube-me esse papel de liderança, mas o processo de trabalho foi semelhante ao que é habitual”.
O futuro: “No fim do jogo abordarei todas essas questões [relacionadas com o futuro]. Nesta altura, por razões que vocês compreenderão, não vou falar sobre isso”.
O Gil Vicente: “É uma equipa boa e com dinâmicas muito semelhantes às do Chaves da época passada, sob o comando do Vítor Campelos. Isso verifica-se em termos de estrutura tática e nas dinâmicas defensivas e ofensivas. Tem jogadores com impacto, mas muito do seu futebol é alicerçado nas dinâmicas coletivas. A vitória expressiva que tiveram na primeira jornada dá-lhes confiança. Cabe-nos fazer aquilo que preparámos, percebendo o que devemos fazer quando temos a bola: há que explorar bem os espaços. Quando não tivermos a bola, temos de fazer tudo para que isso se verifique durante o menos tempo possível, bloqueando ao mesmo tempo aqueles aspetos em que o Gil Vicente pode ser perigoso”.
Primeira vez como treinador principal: “Face às circunstâncias, foi tanta coisa para preparar que não pensei muito sobre essa questão. O papel que eu fui tendo durante este ano, particularmente na liderança da equipa durante o tempo de jogo no campo, não provoca em mim tanta mudança. Há coisas diferentes, mas não pensei muito em mim e no que isso representa para mim. Encarei o desafio com naturalidade e vou tentar fazer o melhor possível. Quanto ao futuro, responderei no fim do jogo”.
Surpreendido: “Respeito a decisão do Moreno porque sabemos bem como era duro para ele nos momentos difíceis. Honestamente fiquei surpreendido. Só tive conhecimento depois do jogo acabar, fiquei surpreso”.
Apelo: “Eu queria aproveitar para recordar algumas palavras do Moreno que foram fortes no momento em que comunicou a saída do clube. Vou citar: ‘o Vitória é um clube especial, mas é quando se consegue juntar duas coisas: a força de uma bancada com vitórias’. Esta mensagem é para os nossos adeptos. Precisamos muito do apoio deles durante o jogo todo. Apelar a que percebam que, nesta fase, não será sempre possível jogar o jogo que eles gostariam. É importante que compreendam isso. Depois avaliem no final. No final é legítimo que se manifestem, mas, durante o jogo, que nos deem o apoio como eles bem sabem dar. Só para explicar isso, terminava com algo que o Professor Manuel Sérgio, um filósofo bem conhecido e meu querido, com várias passagens pelo futebol, costuma dizer: ‘Não há um jogador, há um homem que joga. Não há um treinador, há um homem que treina’. São homens e pessoas que estão deste lado. Que haja também, para quem está do outro lado, essa perceção de que por vezes não é possível fazer tudo aquilo da forma como gostaríamos. Que tenham essa compreensão”.