O treinador vitoriano falou das dificuldades da partida frente ao Moncarapachense, uma equipa com ideias de jogo “bem definidas”, e elogiou a postura dos seus jogadores
Álvaro Pacheco era um homem com os objetivos cumpridos quando chegou à sala de imprensa do Estádio Algarve. O treinador reconheceu que as equipas encontraram muitas adversidades com a chuva forte e o vento persistente que se fazia sentir à hora do apito inicial, mas confessou que o Vitória SC foi uma turma “muito agressiva, muito pragmática” capaz de “aproveitar o vento” e ser muito assertiva nessa missão. O resultado? Os três golos marcados em 25 minutos. E, diz o mister, podiam ter sido mais.
Com o golo sofrido da marca dos 11 metros e a expulsão de Tiago Silva, a estratégia mudou. Os comandados de Álvaro Pacheco não deixaram de “ser acutilantes e de tentar chegar à baliza adversária”, mas tiveram de ser “mais inteligentes” e arriscar menos. “Tentámos minimizar o ponto forte do adversário e estarmos mais tranquilos”, disse. E, sem registar incidências relevantes nos segundos 45 minutos, acrescentou: “fomos capazes de controlar o jogo da forma como pretendíamos”.
O treinador vitoriano dividiu os elogios. Primeiro, dirigiu-os à equipa adversária. Álvaro Pacheco descreveu a turma do Moncarapachense como “uma equipa muito solidária e muito pragmática e principalmente com ideias de jogo muito bem definidas, nota-se que é uma equipa que é apaixonada por aquilo que faz”. Com José Bizarro, treinador da equipa algarvia, a assistir à conferência de imprensa pós-jogo, o treinador dos conquistadores fez questão de lhe dirigir umas palavras positivas antes de deixar a sala de imprensa do Estádio Algarve.
A estreia de Ricardo Mangas e a postura do plantel também mereceram exaltação. O treinador admitiu que prefere valorizar o coletivo ao individual, mas a recuperação do jogador português, que foi submetido a uma cirurgia na sequência de uma lesão sofrida na pré-temporada, foi destacada: “hoje ele está a jogar pelo grande profissional que é, pelo foco que ele tem, pela paixão que ele tem por aquilo que pratica e principalmente pelo investimento que ele faz nele próprio para ser capaz de todos os dias ser melhor”. O mister é homem de palavra e, por isso, o coletivo não ficou esquecido. “Tenho que estar satisfeito, não só com ele, mas com toda a equipa”, disse. E terminou: “os meus jogadores foram mesmo campeões”.
As particularidades do jogo: “Primeiro temos que enquadrar o jogo com uma adversidade muito grande a nível de tempo. Não só de chuva como de vento e isso condicionou um bocado aquilo que era o jogo. Nós aproveitamos esse período em que jogamos a favor do vento e fomos muito inteligentes nesse aproveitamento. Fomos uma equipa muito agressiva, muito pragmática, a aproveitar aquilo que eram os espaços e aquilo que nós pretendíamos, que era aproveitar o vento também com chegadas à baliza adversária como também nas bolas paradas e nós fomos muito assertivos nisso. Entramos fortes, entramos a fazer as coisas a acontecer e fizemos três golos e podíamos ter feito mais. Depois há a paragem, há a expulsão e há também um adversário que tem o seu mérito. Nós, com um jogador a menos, também aproveitamos no sentido de sermos mais inteligentes e não arriscarmos tanto. Se olharmos para aquilo que foi o jogo, controlamos o jogo. Não deixamos de ser acutilantes e tentar chegar à baliza adversária. Não fomos tantas vezes. Fomos mais inteligentes é nos momentos certos. E proteger sem dúvida nenhuma porque depois também na segunda parte, a jogar contra o vento e com os adversários com um jogador a mais e com a capacidade que eles tinham, que são uma equipa muito forte a atacar a profundidade, com jogo nos corredores e com cruzamentos tanto na primeira como na segunda bola, e nós tivemos que retirar este espaço, tentamos, no fundo, tentamos minimizar o ponto forte do adversário e estarmos mais tranquilos e jogarmos com a vantagem de estarmos a ganhar por 1-3, sermos capazes de sermos mais equilibrados, não nos expormos e fomos capazes de controlar o jogo da forma como nós pretendíamos”.
O Moncarapachense: “Uma equipa muito bem orientada, uma equipa que tem feito um campeonato muito assertivo. É uma equipa muito solidária e muito pragmática e principalmente com ideias de jogo muito bem definidas. E nota-se que é uma equipa que é apaixonada por aquilo que faz, por isso é que se vê o campeonato que está a fazer”.
As condições climatéricas: “Ainda bem que [o jogo] começou porque nós aproveitamos o fator vento para sermos capazes de sair na frente. Isso são coisas que eu não decido, não controlo. Tínhamos de jogar e aquilo que eu disse aos meus jogadores foi: «é para jogar, então temos que ser inteligentes e adaptarmo-nos com aquilo que são as incidências». O que é que nós temos? Temos um tempo com chuva e com vento. Se jogássemos contra o vento, íamos ter determinados cuidados. Se jogássemos a favor do vento, íamos aproveitar isso e entrar de outra maneira. Jogamos a favor do vento e aproveitamos.”
O regresso de Ricardo Mangas e a postura do plantel: “Eu, primeiro, sou um treinador que gosta muito de valorizar o coletivo. Eu não gosto muito de ir para o individual, mas aquilo que eu posso dizer do [Ricardo] Mangas é que passou por um período difícil e a recuperação dele só foi da forma como foi e se hoje ele está a jogar é pelo grande profissional que é, pelo foco que ele tem, pela paixão que ele tem por aquilo que pratica e principalmente pelo investimento que ele faz nele próprio para ser capaz de todos os dias ser melhor. E é um jogador, sem dúvida nenhuma, que vai ser importante para todos nós como também todos os jogadores do nosso plantel vão ser importantes. O campeonato é longo, vai haver oportunidade para todos. Infelizmente o Afonso [Freitas] sentiu um desconforto muscular durante a semana, não podia estar neste jogo. Aproveitamos e jogou o Mangas, que depois de um período longo sem competir, conseguiu regressar. É evidente que na parte final já estava com algumas dificuldades a nível de condição física, mas aquilo que foi a sua postura, a sua entrega, aquilo que ele deu ao jogo, só tenho de estar satisfeito. Não só com ele, mas com toda a equipa porque, sem dúvida nenhuma, este jogo foi muito difícil. Repito mais uma vez: um adversário muito valioso, um adversário muito complicado, um adversário que está em primeiro lugar e está com uma mentalidade de vitória. Jogar contra estas equipas não é fácil. E depois a adversidade do tempo, da chuva, do relvado que também ficou empapado, portanto, os meus jogadores foram mesmo uns campeões”.