Duarte Lopes, dos Sub-17, em entrevista
Atravessou Portugal com uma certeza: tornar-se um “jogador completo”. O propósito é anunciado por Duarte Lopes quando questionado sobre sonhos e objetivos. A resposta surpreende pela justificação dada a seguir e, ainda, pela exigência que tem consigo próprio.
A cumprir o segundo ano em Guimarães, depois de todo um percurso no Sul, Duarte precisou de algum tempo para se adaptar a um “futebol mais agressivo”. “O futebol no Algarve não é tão evoluído, aqui é bem mais competitivo, mais duro, mais agressivo. As equipas jogam mais com raça, os jogadores disputam os lances com maior intensidade. Neste sentido, o primeiro ano foi de alguma adaptação e só agora me sinto melhor”, começou por dizer.
Está a sentir-se “melhor” mas o extremo é o primeiro a admitir que o “início de época não foi positivo”. Quisemos perceber porquê e o jogador não se demorou na resposta: “Um jogador sabe quando não está a dar o seu melhor, sente quando as coisas não correm tão bem como já correram. E no início desta época eu sentia que podia render mais, que conseguia dar mais de mim. Quero tornar-me um jogador muito completo porque só assim conseguirei alcançar o topo”.
“Estamos mais evoluídos mental e tecnicamente”
Para atingir o topo, Duarte Lopes tem ainda alguns anos para aprimorar a técnica e outras características inerentes aos melhores. Até lá, o jogador algarvio foca-se no presente dos Sub-17 que “tem já muito que se lhe diga”. A verdade é que vem aí um dérbi minhoto, onde os vitorianos querem “apagar a imagem do jogo da primeira volta”. “Somos, hoje, uma equipa muito mais completa, mais focada e, por isso, melhor. O jogo da primeira volta foi mau para nós mas serviu como lição. Tivemos duas derrotas logo no início mas desde aí temos demonstrado o nosso desenvolvimento. Estamos mais evoluídos mental e tecnicamente. Queremos mostrar uma imagem bem diferente e regressar às vitórias”, disse o jogador na antevisão ao jogo deste domingo e que acontece três semanas depois do empate com o FC Paços de Ferreira.
É no terceiro lugar do pódio que a equipa vitoriana se encontra e é para cima que continua a olhar. Duarte Lopes fala no sonho do “título” e agarra-se ao “talento individual e coletivo” que existe na equipa de Sub-17. Depois do primeiro ano num campeonato “mais acessível”, o jovem de 16 anos admite a “competitividade” que existe nesta prova nacional. “O campeonato exige muito. No início foi um bocado duro mas agora já estou habituado e prefiro jogar numa prova onde a exigência é maior. O nosso arranque de época não foi promissor e acredito que tivéssemos desiludido as pessoas mas essa fase foi importante para nós e todos reconhecem que atualmente praticamos um futebol muito interessante e que as pessoas gostam de ver, não é à toa que temos sempre tanta gente a ver os nossos jogos”, disse.
A exigência dentro e fora de campo
Quando o assunto é futebol, facilmente se denota o nível – elevado – de exigência que Duarte Lopes aplica a si próprio. E logo a seguir, na mudança de tema, percebemos que essa característica é comum a todas as áreas da sua vida. O jogador, que também é bom aluno, procura conciliar o futebol com os estudos e tem-no conseguido. Para ser melhor, recorre ainda às “Explicações” para ter ainda melhores resultados. Há disciplinas preferidas e outras que “só porque tem de ser (risos)”, como é o caso de História. E se, eventualmente, a nota do teste que realizou no mesmo dia desta entrevista não for suficiente, então teremos de fazer ‘mea culpa’ pela distração. “Hoje em dia é fundamental termos sucesso escolar. São tantos os jogadores em busca do sonho de ser profissional que não vão todos consegui-lo. É por isso cada vez mais importante ter boas notas e ter formação académica. Eu considero-me um bom aluno, tenho média de 16, e estudo sempre que posso. Hoje tenho teste a História, uma disciplina que não gosto nada, e dediquei o fim-de-semana a estudar a matéria sobre o mercantilismo e o absolutismo”, lamentou.
Políticas e revoluções à parte, Duarte Lopes procura encontrar a paz na cidade-berço, onde se sente “muito feliz”. A distância de casa “incomodou no início” mas há formas de ir “matando a saudade”. Os meus pais vêm cá uma vez por mês, às vezes de carro, outras de avião. Eu aproveito as pausas no campeonato, como aconteceu na semana passada, para ir lá e matar saudades. Aqui, também encontrei pessoas impecáveis, que me permitem sentir o conforto da família”, concluiu.