Prometendo “uma enorme resposta” na segunda mão, no Estádio D. Afonso Henriques, o treinador do Vitória SC sublinhou o triunfo e lamentou o mau estado do relvado sintético

Atingido o intervalo da eliminatória, com uma vantagem no bolso, Rui Borges felicitou a atitude competitiva dos jogadores do Vitória Sport Clube. Nada surpreendido com a réplica do Floriana, o treinador tem a certeza de que a equipa está no bom caminho, mas não se dá por satisfeito. Quer mais para o jogo da segunda mão, agendado para a próxima quinta-feira, e foi bem explícito: a eliminatória terá de ser resolvida com outro triunfo. Dizendo-se satisfeito com o desempenho de todos os jogadores, incluindo os estreantes Alberto e João Mendes como titulares, Rui Borges elogiou ainda a força mental do grupo.
Rigor: “Eu já estava à espera de dificuldades. Quem pensasse o contrário, está longe de perceber o futebol. Estamos a falar de uma competição europeia. Por mais periférico que seja o campeonato de Malta, tem alguma qualidade. Temos de respeitar o nosso adversário e respeitar a competição que estamos a disputar. Se essa equipa está nesta prova é porque tem qualidade. Foi isso que fizemos: respeitámos o adversário. Se assim não fosse, podiam ter sido caros aqueles três contra-ataques deles. Por aí, a equipa foi rigorosa e concentrada. Sabíamos que íamos defrontar uma equipa difícil, tal como é difícil jogar num relvado sintético. Tivemos de nos adaptar em vários aspetos”.
Tapete verde seco: “Assumimos o jogo desde o início, mas o correr da bola e a intensidade eram diferentes. Regou-se a relva às seis da tarde para se jogar às sete da tarde. O campo estava completamente seco. O resultado não foi curto, foi uma vitória, porque o que nós pretendíamos era ganhar. Agora temos uma segunda mão. Mas custou-me perceber como foi possível jogar num terreno destes numa competição europeia. Faz mal aos atletas das duas equipas, especialmente em termos físicos. Tudo isto meteu-me muita confusão. A equipa demonstrou, de resto, muito compromisso e rigor ao longo do jogo, nunca perdeu o discernimento, nem entrou em stresse. A equipa manteve-se equilibrada em termos mentais”.
Equilibrados: “Fomos mais agressivos na segunda parte, com e sem bola. Demos menos toques na bola e percebemos que podíamos causar mais desequilíbrios se aproveitássemos os espaços dos corredores. Criámos bastantes e podíamos ter saído daqui com outros números se tivéssemos sido mais inteligentes na ocupação dos espaços para a finalização. O adversário também criou dois lances de perigo de contra-ataque, pelo que estou feliz com o resultado e com a resposta da equipa. Ganhámos perante muitas dificuldades e perante um adversário muito organizado, apresentando uma linha defensiva de cinco. E os relvados secos beneficiam esse tipo de equipas. Apesar disso, fomos equilibrados em todos os momentos do jogo”.
As substituições: “Resolvi arriscar. O Kaio é um extremo de linha que poderia causar mais desequilíbrios. E se calhar até foi por isso que não jogou de início. Jogou de início o Nélson Oliveira por ser um jogador mais frontal e de apoios porque teríamos pela frente um bloco baixo. Já o Chucho é mais um jogador de diagonais. Pensei nisso tudo em termos estratégicos. Todos entraram muito focados, com o objetivo de acrescentar. Tivemos gente fresca para acelerar o jogo e para provocarmos o erro ao adversário. Passámos a contar com gente mais proativa, entraram bem e deram resultado. É isso que me deixa feliz. Sinto que todos estão ligados e preparados para jogar, como titulares ou apenas cinco minutos”.
A estreias de Alberto e João Mendes como titulares: “Fizeram um bom jogo, mas também cometeram erros. O Alberto deu uma resposta muito boa, tanto um como o outro fizeram um belíssimo jogo. Estou feliz pelo Alberto. Não sentiu a pressão de um jogo europeu. É um miúdo. Vem da equipa B e está a trabalhar para ter estas oportunidades. E cumpriu. Vai ter mais oportunidades, vai ser um excelente lateral-direito. Gosto muito do perfil de jogador dele e trabalhou muito para merecer esta oportunidades. É muito concentrado e jogou com grande tranquilidade. É um jogador agressivo e forte nos duelos e isso era importante. Já o João Mendes fez um bom jogo dentro do que mostrou na pré-época. É um jogador muito regular. E também senti os dois centrais muito equilibrados e concentrados. O Händel voltou a fazer um belíssimo jogo, enquanto o Jota Silva foi Jota Silva. De uma forma geral, o grupo deu uma resposta muito boa. Todos eles”.
A segunda mão: “O Floriana não tem jogado com uma linha defensiva de cinco. Sabíamos que isso poderia verificar-se e trabalhámos muito nesse sentido. Uma equipa de bloco baixo cria sempre dificuldades e ainda por cima num relvado sintético seco… A bola corria muito lentamente e saltava bastante. Isso nunca beneficia as equipas que têm maior posse de bola. Mas a equipa nunca se desequilibrou em termos emocionais e não tenho a mínima dúvida de que dará uma resposta enorme na quinta-feira. Faremos tudo para ganhar. Será diferente porque jogaremos em nossa casa, perante os nossos adeptos. Eles fazem muita diferença. Ainda hoje fizeram. Vamos ter uma boa casa e o nosso objetivo é passar à eliminatória seguinte. Se ganharmos outra vez por 1-0, por mim está bom. Eu quero é ganhar para passar à fase seguinte. Depois pensaremos no próximo adversário”.