Na segunda jornada da Liga Portugal, Rui Borges espera encontrar um adversário difícil, mas assegura que a equipa continua motivada e com ambição de continuar a ganhar
Cinco triunfos em cinco jogos é o registo de início de época da versão 2024/2025 do Vitória Sport Clube. Os números podem ser ainda melhores se, no próximo domingo, os Conquistadores baterem o GD Estoril Praia na segunda jornada da Liga Portugal. Na antevisão ao encontro, o técnico Rui Borges garantiu que a equipa está pronta para continuar a dar boas respostas. Para isso, tem de “estar focada” para “fazer as coisas bem feitas”. O treinador vitoriano sabe que o nível de exigência vai subir de jogo para jogo e que vai encontrar adversários cada vez mais preparados, mas não é por isso que a ambição tem de mudar. “Queremos ganhar perante um adversário que sabemos que vai ser difícil”, lançou.
Peculiaridades de um jogo que se prevê difícil: “A equipa tem de estar focada. Dentro do que perspetivamos para o jogo, temos de fazer as coisas bem feitas e estar sempre focados, em primeiro lugar, naquilo que podemos controlar e naquilo que somos enquanto equipa. O Estoril poderá ser bom em algumas coisas, poderá ser menos bom em outras. Temos de aproveitar as menos boas e tentar anular as boas. Sabemos que vamos apanhar um adversário que vem magoado, digamos. Vem de uma derrota pesada em casa. Vai querer dar uma imagem diferente. Penso que já terá o seu treinador no relvado. É diferente ter o líder perto. Tudo isso ajuda. Acredito que seja um jogo difícil. O que temos de fazer é sermos iguais a nós próprios. Vamos passar dificuldades, vamos apanhar uma boa equipa. A exigência que temos criado de não sofrer golos e de ganhar vai ser cada vez maior. As equipas vão adaptar-se cada vez mais e melhor ao nosso jogo. Vai ser mais difícil ficarmos com a baliza a zeros. A exigência que criámos para nós próprios vai aumentar. Temos de estar concentrados e tranquilos relativamente aos nossos comportamentos. Tudo o resto é consequência disso. Queremos ganhar perante um adversário que sabemos que vai ser difícil, perante um adversário que quererá dar uma imagem diferente. Espera-nos um jogo difícil, mas temos de ser iguais a nós próprios”.
Frescura e andamento da época: “Penso que é normal que quem esteja do outro lado diga que nós temos mais jogos, mais ritmo. Nós também não tivemos os jogos-treino que eles tiveram e tivemos de nos adaptar. É tudo muito subjetivo. É normal que digam isso. Eu se calhar também o disse numa fase inicial da Conference League. Nós começámos mais cedo, tivemos menos jogos-treino, menos minutos que toda a gente. A equipa tem demonstrado uma grande capacidade física numa fase inicial. E depois há o outro lado. Temos muito jogos, se calhar estamos sobrecarregados de minutos. Pode sobrecarregar-nos em algum momento. Estamos a tentar gerir, aqui e ali, algumas coisas. Estamos numa fase inicial. Os jogadores querem é jogar. Com o passar do tempo e com o passar dos jogos poderemos não estar tão frescos. A cabeça pode querer e a frescura não estar lá. No entanto, estamos atentos a isso. A equipa tem dado uma boa resposta. Mais do que estar preocupados com o que os outros treinadores possam dizer, o importante é sentir que estamos a fazer o nosso caminho, é ver como eles estão e como se sentem no dia-a-dia, sermos honestos connosco e que eles sejam honestos com eles próprios e com os colegas e com a equipa. Não adianta dizerem que estão bem e depois irem a 50%. Tem de ser a 100%. Se for 60 é 60 e se for 50 é 50 minutos. É o que for. É isso que eu lhes peço: dar o máximo. Eles têm dado essa resposta. Por isso, estou tranquilo. Relativamente a ser mais benéfico, acho que isso é subjetivo. Eles tiveram mais jogos-treino do que nós, se calhar deram mais 90 minutos a mais gente do que nós. Nós estamos a dá-los agora nos jogos oficiais. É tudo muito subjetivo. Agora estamos numa fase positiva. É normal que a equipa esteja confiante. Não pode ser excessivo porque vamos encontrar equipas de qualidade. Temos de estar precavidos e ser rigorosos em todos os momentos e em todos os jogos. Sabemos que nos pode sair caro quando não formos”.
O adversário: “Eles têm demonstrado uma estrutura muito própria em termos defensivos principalmente. A nível ofensivo têm uma estrutura 4-3-3. Têm comportamentos interessantes. É uma equipa que está a crescer e com ideias novas do seu treinador. Acredito que, de jogo para jogo, vão melhorando a sua ideia e qualidade. Têm jogadores muito bons a nível individual. Temos de estar fortes e a frescura tem de estar no máximo. Se não for o caso, eles vão tirar partido dessas individualidades. A nível coletivo têm uma estrutura diferente, um 4-3-3 diferente. Temos de nos adaptar e perceber, dentro da estratégia, um ou outro espaço que concedam mais. Precisamos de ter dinâmicas e de sermos nós próprios. Mais do que olhar para o Estoril, é perceber que seremos sempre aquilo que somos enquanto equipa desde o início. Dentro da nossa ideia, precisamos de ter sempre uma leitura e é isso que diferencia os jogadores, mais do que o treinador estar a especificar qual é o espaço e onde é que tem de ir e o que temos de fazer. Há leituras muito próprias dentro da estrutura, dentro de uma dinâmica, dentro da ideia de jogo e isso passa pelo jogador, que tem de ter essa leitura com e sem bola. Eles têm demonstrado isso. Temos sido uma equipa inteligente e temos jogadores com qualidade, não fugimos a isso. Têm essa noção de jogo. Acho que faremos um bom jogo, mas sempre cientes que do outro lado temos uma equipa com qualidade, respeitando-a sempre ao máximo. Quando não respeitarmos e acharmos que está tudo feito, não está nada feito. Disputámos apenas uma jornada do campeonato. Há muito campeonato pela frente, muitos jogos. Precisamos de estar competitivos e ligados a toda a hora se realmente queremos ter uma equipa com muitas vitórias. Precisamos de ter essa consistência de resultados e qualidade. Eles têm conseguido e a cada jogo que passa, o desafio e a responsabilidade aumentam e eles têm de sentir isso”.
Os regressos de Telmo Arcanjo e João Mendes: “O Telmo [Arcanjo] tem um potencial enorme e está a treinar muito, muito bem. Está à espera da oportunidade de ser titular. Tem ganho essa confiança, tem tido o equilíbrio e calma mental para perceber que está a crescer aos poucos e está a ficar cada vez melhor para dar respostas. Estou muito contente por isso e feliz pelo golo. Merece por toda a época de trabalho individual para recuperar da lesão. Felizmente conseguiu, está muito bem. Acredito que o futuro dele será risonho porque tem muita qualidade. E, claro, conto com o [João] Mendes porque já foi opção para o último jogo. Está à procura da melhor forma assim como o Telmo, que fez este percurso gradualmente. O [João] Mendes teve menos tempo de paragem, é certo, mas também está a regressar de uma lesão prolongada. É preciso ter paciência e calma. Será titular no momento certo. Será titular nuns jogos e não será noutros. Temos muitas soluções. São as minhas boas dores de cabeça, essa qualidade individual. Mas será sempre na defesa do coletivo. O coletivo está sempre primeiro e depois sobressai o individual”.
Importância de todos os jogos: “Nós passamos de bestiais a bestas rápido se não passarmos à fase de liga, isso é verdade, claro. A equipa tem dado uma boa resposta e há sempre muita qualidade do outro lado. Vamos encontrar uma equipa igualmente motivada para passar à próxima fase nas competições europeias. Mais do que a Conference e o campeonato, que é a competição com a qual estou preocupado neste momento, é perceber que eu vejo que os jogos têm a mesma importância. É sentir o dia-a-dia do jogador, percebê-los um bocadinho. Aqui ou ali poderemos mexer e dar essa tal rotatividade. Fizemo-lo com o Manu, por exemplo, neste último jogo. Conseguimos descansar o Händel um pouco. Agora não sou apologista de mudar muito. Percebo que a frescura poderá não ser a mesma. Não quer dizer que não vou mudar nada na equipa. Há coisas que têm a ver com a estratégia. Muito honestamente, hoje se calhar já fiz cinco equipas para o jogo do Estoril e amanhã acordo e faço mais quatro. Tenho de pensar em muitas coisas. Quem está de fora às vezes é fácil fazer as equipas. É por isso que é bom ser adepto. Quando vejo jogos na televisão também digo que tirava aquele e punha aquele. É bom porque enquanto treinador tenho de olhar para muitas coisas: para a parte estratégica, para comportamentos e características individuais, minhas e do adversário, tenho de olhar para a frescura e parte física. Há muitos fatores. Eu faço mais de dez equipas para o jogo nos dois dias anteriores e só decido umas horas antes. Estou feliz porque sinto que os jogadores estão ligados e sei que todos querem dar o seu contributo. O Manu deu uma boa resposta. O Nuno, que não foi titular em Arouca, jogou e deu uma boa resposta. Mais do que rotatividade é sentir que a equipa está ligada e que todos estão ligados. Percebem que são importantes seja para 20, cinco, dez ou 90 minutos. E isso deixa-me feliz. A ambição é essa, esse espírito que têm. Demonstram que estão sempre prontos para ser opção, para ajudar e não para complicar. Querem é jogar seja cinco minutos ou 90 minutos. Essa é que é a grande demonstração de ambição e de vontade de ganhar. Estou tranquilo, mas aqui ou ali poderá haver mudanças”.