Considerando o União de Leiria uma espécie de quarto escuro pela recente troca de treinador, o técnico do Vitória SC garante ter a equipa preparada para um jogo competitivo
De fôlego recuperado, o Vitória Sport Clube atacará em força a quarta eliminatória da Taça de Portugal, diante do União de Leiria. Na antevisão ao jogo deste sábado, marcado para as 16h45 no Estádio D. Afonso Henriques, o técnico Rui Borges confirmou que a pausa nas competições foi benéfica para os atletas e manifestou-se moderadamente otimista, ressalvando que o adversário merece cuidados e inspira mais dúvidas do que certezas relacionadas com a recente troca de treinador. Certo de que a ausência prevista de Tiago Silva será convenientemente compensada, o comandante dos Conquistadores não confirmou a inclusão do avançado José Bica no onze inicial, mas deu conta de um jogador especial, com enorme margem de progressão.
Pausa produtiva: “Foram semanas importantes para termos um ciclo um pouco normal. É difícil manter o mesmo nível com tantos jogos seguidos, vamos perdendo alguns estímulos que precisamos enquanto grupo, coletivo, de forma individual e coletiva. Nos últimos dois meses os treinos foram para recuperar. Agora falamos de coisas estratégicas, do jogo. Na outra fase acabámos por não dar os estímulos que nós gostamos, que nós queremos para sermos uma equipa ainda mais competitiva, mais intensa. A nossa equipa de forma individual não é muito agressiva no sentido de duelos e temos que dar esses estímulos que vamos perdendo, porque há muitos meses que não treinamos por causa desse acumulado de jogos. Por isso é importante voltarmos a ter semanas normais, a ter os estímulos que precisamos, que foram importantes lá atrás no início da época. Nesse sentido, foram semanas muito importantes, tanto para descansar como também em termos mentais tendo em vista o novo ciclo intenso que se aproxima”.
O União de Leiria e o novo treinador: “Trabalhámos aquilo que nós controlamos, a nossa equipa, porque é difícil analisar o adversário. Analisámos de forma individual, é certo, mas em termos coletivos vamos um bocadinho às escuras. Claro que fizemos um trabalho com pesquisa e observação, naquilo que é a forma de trabalhar do Silas, mas ele já teve várias ideias ou formas de jogar nas equipas em que trabalhou. Por isso, vamos um bocadinho no escuro, naquilo que é a estratégia do adversário. Vamos ter que rapidamente perceber, numa fase inicial do jogo, de que forma é que eles se apresentarão, de que forma é que nos poderemos superiorizar perante o adversário. Não sabemos muito bem o que é que vai aparecer daquele lado, em termos de ideia de jogo, principalmente até a estrutura de equipa, por isso nesse sentido é um bocado difícil. No resto devemo-nos focar naquilo que nós controlamos, naquilo que nós queremos fazer, naquilo que podemos fazer, porque queremos muito seguir em frente. Sabemos que do outro lado vai estar uma equipa diferente porque quando há uma mudança de treinador o chip muda totalmente. Vai ter uma entrega enorme ao jogo para além daquilo que é a sua qualidade individual e coletiva. Vão focar-se imenso naquilo que é a parte competitiva do jogo, vão-se entregar ao jogo de forma muito intensa. Há essa mudança, há essa mudança de chip, há esse querer mostrar, há o mudar também aquilo que tem sido se calhar os últimos resultados da União de Leiria. Esperamos um jogo difícil, é certo, e se não tivermos a humildade suficiente para respeitar o adversário vamos ter muitos problemas. Se respeitarmos e tivermos a humildade que temos tido até aqui, em todos os jogos, faremos um bom jogo e sairemos vencedores, que é esse o nosso objetivo”.
A ausência de Tiago Silva, por castigo e lesão: “Em relação à expulsão, não vou estar aqui a dizer que foi normal. O Tiago, mais do que ninguém, sabe e tem noção de que não poderia ter reagido tão a quente no final do jogo, mas é normal com o cansaço mental da equipa. No jogo com o Santa Clara, mais do que cansaço físico, acusámos cansaço mental e o jogo foi condicionado desde o início por isso. Não quero tirar mérito ao adversário, foi até a equipa que nos criou mais problemas até agora em termos ofensivos, mas disse no final que o jogo foi pobre por causa das três equipas. Para uma equipa que vem mentalmente cansada é difícil entrar naquele ritmo de jogo, desde o início sempre a apitar, sempre faltinhas, sempre contra o Vitóri. Por um acumulado de coisas, o jogador desgastou-se mentalmente, é normal que chegue ao fim e que perca ali o discernimento. Pedimos muito para termos esse equilíbrio porque eu sabia que o cansaço era mais mental do que físico, mas é o que é. Independentemente disso, abre vaga para outro, focamo-nos agora no jogador que jogar na vez do Tiago, a ver se pode acrescentar também à equipa, pelo que estou tranquilo. É certo que o Tiago tem sido um jogador muito importante, tem feito uma grande época até agora, tem sido muito importante para o grupo, para a equipa. Mas, vamos ser competitivos da mesma forma, tentar ter a qualidade que temos tido, exatamente igual, com jogadores diferentes, que dão coisas diferentes do Tiago”.
José Bica espreita oportunidade? “As oportunidades conquistam-se no dia a dia, eu não olho para o Bica por ser Taça. Os jogos da Taça deixam-me até mais stressado. Enquanto treinador, nos outros jogos, no dia de jogo, estou tranquilo, independentemente de tudo. Já estive daquele lado, comecei por lá, como jogador, como treinador, e sei bem o que as equipas tentam superiorizar-se às equipas grandes e de escalões superiores na Taça. O Bica é um miúdo que conheço melhor do que ninguém, é um miúdo que começou comigo lá atrás no Mirandela com sete anos. Com sete anos fui buscá-lo para jogar nos sub-10 porque ele já era de alguma forma diferenciado. É um miúdo que tem crescido imenso, é um miúdo que tem tido a capacidade de perceber aquilo em que tem que melhorar, naquilo em que tem que crescer. Tem crescido imenso, tem trabalhado imenso, está claramente a trabalhar para ter a sua oportunidade e vai tê-la. Não sei se é na Taça ou não, mas vai tê-la porque tem trabalhado para isso. Não tem baixado o foco, independentemente de não estar a jogar muito. Pessoalmente perspetivo que será o futuro de Vitória, não tenho qualquer dúvida nenhuma disso, se ele continuar a crescer naquilo que tem crescido, em termos físicos, atléticos, em termos táticos, não tenho qualquer dúvida que será o futuro do Vitória. Ele percebe, e temos tido essa capacidade também de forma geral, que estamos a trabalhar para o fazer crescer, para o fazer perceber que é importante o crescimento que está a ter. É um miúdo que está focadíssimo, trabalha com uma alegria imensa”.
Jorge Fernandes e Mikel disponíveis: “Sim, o Jorge e o Mikel voltaram a treinar e estiveram dentro da equipa com normalidade esta semana. Fico contente porque são dois jogadores que também têm feito uma boa época. O Jorge estava a ter um início muito bom, teve esta infelicidade, mas voltou novamente com um cavalo. Está aí reintegrado e à espera da oportunidade novamente poder dar contributo à equipa”.