Dieu-Merci bisou na última jornada dos Sub-19
O nome peculiar já foi aproveitado para alguns títulos. É que foram já várias as vezes em que o agradecimento a Michel fez sentido, fruto dos golos que marcara. Voltou a acontecer recentemente, depois de ter bisado e com isso dado o triunfo aos Conquistadores no duelo com o Gondomar SC.
Falamos, naturalmente, de Dieu-Merci, avançado vitoriano que chegou esta época ao castelo para cumprir o último ano de formação. É em Guimarães que tem procurado singrar, naquela que é a sua primeira experiência fora do Canadá, país onde nasceu e onde vive a sua “grande família”.
O mais novo de nove irmãos saiu de casa para “dar uma vida melhor aos pais” e agarra-se a esse objetivo sempre que as saudades apertam. Em entrevista aos meios de Comunicação do Clube, Michel Dieu-Merci lembrou a infância difícil e deu a conhecer um pouco mais de si próprio. “Comecei a jogar futebol muito cedo porque era uma forma de alegrar os meus dias. Pertenço a uma família com muitas dificuldades e lembro-me que, com nove anos, eu e os meus irmãos dormíamos em escolas e igrejas, pois não tínhamos casa. Acho que também é por isso que agora faço o esforço de estar aqui sozinho, longe da minha família. Não quero voltar a passar por isso e se quero vingar na vida tenho de me agarrar a esta oportunidade”, comentou.
A oportunidade surgiu na cidade-berço mas Dieu-Merci mostra, por vezes, dificuldades em agarrá-la. Com 13 golos marcados – e não é azar – o avançado tem feito a diferença em alguns jogos mas reconhece que lhe tem faltado “maior regularidade e foco nos treinos”. “Tenho de treinar melhor para merecer mais vezes a titularidade. Sei que às vezes não estou a 100 por cento e aqui, se não treinamos bem, então não jogamos. O treinador é justo com todos e nós sabemos bem que se não estivermos focados ao longo de toda a semana então não vamos ser recompensados com um lugar”, comentou.
O trabalho diário é, por isso, motivo de avaliação e decisão para as convocatórias. Para já, o jogador de 1.91m de altura esperar convencer no escalão onde atua mas pisca o olho à equipa B, onde tem cumprido alguns treinos. “Tenho sido chamado algumas vezes aos treinos da B e isso ajuda-me a crescer. Há uma maior competitividade e qualidade e isso ajuda-me a melhorar. Sempre que sou chamado sou muito bem recebido por todos, pois há um bom ambiente. Há alguns franceses e isso também ajuda mas eu já me desenrasco bem a falar português”, disse.
Não foi em ‘bom português’ que esta conversa se deu mas o idioma não foi entrave na comunicação. Em francês, o jovem de 19 anos falou ainda das diferenças entre o futebol canadiano e o português, mostrando estar mais “feliz” com aquele que encontrou tão longe de casa: “É um campeonato completamente diferente, até porque a equipa onde eu estava, no Canadá, ganhava sempre por números muito alargados e isso acabava por prejudicar a nossa evolução pois os jogos não eram equilibrados nem disputados. Aqui, o futebol é mais físico e também mais técnico e isso eleva o nível de competitividade”, atestou este fã de Haaland.