Natural do Porto, o extremo dos Sub-15 vive primeira experiência em Guimarães. O dia começa cedo e acaba tarde mas, diz o próprio, que “são esforços necessários para chegar lá cima”. Conhece melhor o jogador que apontou os últimos dois golos da equipa, na partida frente ao SL Benfica
Quis o destino que assumisse o protagonismo no dia em que o pai celebrava o 50º aniversário. Coincidência – ou talvez não – Venâncio bisou frente ao SL Benfica, na última jornada, e ofereceu o bis ao aniversariante que se encontrava na bancada. Ali, a aplaudi-lo estavam os seus progenitores e dezenas de familiares. O dia era de festa. Dentro e fora das quatro linhas. Lembrar o momento provoca emoção, ao próprio e a quem com ele estava. Admitimos. “No domingo, o meu pai fazia 50 anos e estavam cá todos os meus familiares, alguns deles nunca tinham visto um jogo. Além disso, eu já não marcava desde a partida com o Sporting CP, em casa, e não estava a contar marcar, e logo em dose dupla. Confesso que entrei um pouco mais nervoso e ansioso porque é especial jogar perante a minha família e num dia tão especial para o meu pai. Ter conseguido marcar e poder dedicar-lhe os golos foi incrível porque eu sei o quanto ele torce pelo meu trabalho”, começou por dizer.
Visivelmente emocionado, Venâncio fala dos pais com o orgulho e a humildade de quem é grato. Ao longo da entrevista foram várias as vezes em que vimos brilho nos seus olhos e a razão foi sempre uma: o agradecimento e reconhecimento “daquilo que os meus pais têm feito por mim”. Natural do Porto, Venâncio cumpre o primeiro ano em Guimarães e, por isso, é um dos estreantes nas viagens longas. “Quem corre por gosto não cansa”, começou por dizer. E o ‘miúdo’ de 15 anos não o diz por dizer. “Acordo às 6h para apanhar a carrinha do Vitória às 7h. Tenho aulas de manhã e sigo para a Academia. Almoço, tenho explicações, treino e depois regresso a casa, já por volta das 20h. Os dias são longos e é necessário ser metódico e organizado para conseguir estudar e ainda conviver com os meus pais. Mas faço-o por gosto, pois sei que é preciso fazer esforços para conseguirmos aquilo que queremos. Ainda assim, tento também ser bom aluno na escola, em que tenho notas de 4 e 5, para manter sempre o equilíbrio entre os estudos e o futebol”, contou.
“A humildade é fundamental para chegar lá cima”
A frase, proferida por Venâncio, é reveladora do seu estado de espírito e forma de estar no futebol e na vida. É também de forma humilde que aborda o seu percurso no Vitória: “A humildade é fundamental para chegar lá cima. Não sou um titular indiscutível, mas tenho jogado mais do que no início. Vejo isso como uma motivação e ambição para ser melhor. Se alguém jogar no meu lugar é porque está melhor do que eu e eu só tenho é de trabalhar mais para mostrar ao mister que o lugar deve ser meu. Sou um jogador rápido, que gosta do ‘um para um’ e não tem medo de ir para cima do adversário. Acho que às vezes até exagero e torno-me um pouco egoísta”, disse.
“O trabalho é que faz a diferença”
Em vésperas de dérbi do Minho, Venâncio mantém a esperança de ser um dos eleitos de Gil Lameiras. Além dos dois golos apontados no último jogo, o extremo promete “trabalhar no limite” para ser titular em Braga. Condição que assumiu nos três jogos já disputados com os arsenalistas. O último foi aquele que provocou maior felicidade, com os Conquistadores a vencerem por 4-1, já depois de dois desaires na primeira fase. Venâncio explica a evolução: “O trabalho é que faz a diferença. Além da qualidade da equipa, temos também trabalhado imenso. Somos tecnicamente fortes e se entrarmos com o foco de vencer, penso que poderemos ser novamente felizes. O mister também é muito exigente e obriga-nos a estar sempre concentrados e motivados para darmos o melhor de nós, independentemente da classificação”.