Decisivo no triunfo sobre o Rio Ave, e logo à custa de um improvável golo de cabeça, Tomás Händel encara a ponta final da época com um largo sorriso de satisfação. O pior, que durou mais de um ano por causa de uma delicada lesão, já lá vai. Ao internacional português sub-21 resta agora um verão festivo, com paisagem para a UEFA e a férrea vontade de fazer mais
O melhor de Tomás Händel estava guardado para o fim. Ou quase. É que foi em Vila do Conde, diante do Rio Ave, a duas jornadas do fim do campeonato, que o médio faturou de cabeça, decidindo a favor do Vitória Sport Clube um precioso triunfo, que apurou a equipa, de vez, para uma competição europeia. Chegou e sobrou de compensação depois de mais de um ano de paragem forçada, por lesão. Segundo o internacional português sub-21, a união e o ADN vitoriano potenciado por Moreno Teixeira fizeram a força e toda a diferença (apesar das baixas expetativas) numa época tão longa como desgastante. Entre o monumental Teatro Jordão e um dos bares da moda da cidade de Guimarães, Händel falou de tudo um pouco, ao som de Dire Straits, uma das bandas preferidas do craque vitoriano – vale a pena por isso ver o vídeo em baixo.
Ponta final em grande: “Sem dúvida. Aquele golo em Vila do Conde foi de facto muito especial, tanto para mim como para a equipa. Estive de fora durante muito tempo, nem nos meus melhores sonhos contaria com um fim de época assim, tão feliz, estreando-me a marcar pela equipa principal no jogo com o Rio Ave”.
Pensamentos: “Num momento daqueles não se pensa em muita coisa. Só pensei em comemorar com os companheiros e com os nossos adeptos que estavam muito próximos da baliza onde havia marcado. Desfrutei ao máximo aquele momento. Não costumo marcar muitos golos e, por isso, não poupo nos festejos quando consigo”.
O improvável golo de cabeça: “Os médios com as minhas características não costumam, de facto, fazer golos de cabeça. Foi o meu primeiro golo de cabeça, até por isso foi especial”.
Melhores recordações de uma época oscilante: “Foi uma época muito longa para mim. Tive, porém, a resiliência necessária para ultrapassar os vários obstáculos com que me deparei e isso deixa-me orgulhoso. Foi graças a isso que consegui regressar à equipa. Já a equipa evoluiu e aprendeu muito: agora está bastante diferente do que era no começo da época. Os jogadores assimilaram muito bem as ideias do Moreno Teixeira e isso revelou-se fundamental neste apuramento do Vitória para uma prova europeia. O clube deve andar sempre envolvido em competições da UEFA todas as épocas e essa experiência ajuda sempre na evolução dos jogadores mais jovens, com reflexos no campeonato. Deve ser sempre esse o lugar do Vitória”.
Segredos do sucesso: “Somos um grupo muito jovem, mas muitos já se conhecem há muito. Esse aspeto contribuiu muito para o nosso sucesso. Há grande entreajuda entre os atletas, tanto dentro do campo como fora… Tive essa perceção enquanto estava a recuperar da lesão. Todos os dias era interpelado pelos meus colegas, que me perguntavam como é que eu estava e se tudo corria bem. Deram-me sempre força. E eu retribuía, acompanhando-os para todo o lado para apoiar. Essa união é evidente”.
Mística: “Esta equipa tem muito ADN Vitória. Vários jogadores passaram pela formação do clube e isso nota-se pela atitude que têm em campo e até no dia-a-dia. E esses jogadores passam depois esse ADN aos outros jogadores. Assim foi logo no começo da época”.
O fio condutor de Moreno Teixeira: “É outro vitoriano. Foi fundamental na passagem dessa mística ao longo da época. Preparou-nos para a exigência dos adeptos, passou-nos sempre isso e a verdade é que resultou. E alguns de nós até já sabia disso: estamos num clube e numa cidade muito exigentes. Ainda bem. Ainda bem que existe essa pressão, os jogadores sentem prazer por representar este clube”.
As baixas expectativas: “Essas avaliações, de que o Vitória ia lutar somente pela permanência e que ia fazer uma época muito abaixo, passaram sempre ao lado da equipa. Acreditámos sempre muito em nós. Isso também nos ajudou muito. Cada um de nós nunca deixou de confiar na sua qualidade. Nunca houve dúvidas. A própria equipa técnica nunca deixou de transmitir essa confiança. Com a nossa união e o nosso ADN, provámos a essas pessoas que estavam erradas”.
O Vitória SC é o clube mais representado na Seleção Sub-21, para a qual continua a ser chamado André Almeida. Será que a futura espinha dorsal da Seleção Nacional terá a marca Vitória? “Era muito bom sinal. É sinal de que as coisas estão a ser bem feitas no clube, com a aposta efetiva nos jovens jogadores. É um trabalho fantástico; caso contrário, os seriam chamados tantos jogadores do Vitória à Seleção sub-21 e não só. É mérito dos jogadores, mas também é reflexo do trabalho que tem sido desenvolvido no clube. Tenho a certeza de que qualquer jovem jogador olha para o Vitória como um excelente clube para evoluir na carreira”.
A próxima época de uma equipa madura: “Apesar das várias alterações que se verificaram, houve sempre grande estabilidade para trabalhar. Sinto que a equipa avançará para a próxima época com outra maturidade. Tentaremos fazer melhor do que nesta temporada, crescendo ainda bem. Queremos levar o Vitória aos patamares que merece”.
Apoio crescente dos adeptos: “O Vitória é um clube diferenciado, distingue-se muito pela sua massa adepta. Nunca nos abandonaram nos momentos menos bons. É um apoio incrível e isso acabou sempre por nos impulsionar para fases positivas”.