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Dos sonos perdidos ao “momento mágico” da época

Moreno Teixeira completa nesta quinta-feira um ano ao comando da equipa principal do Vitória Sport Clube. O treinador abriu o coração à comunicação do clube

De repente, os horizontes alteraram-se quase por completo para Moreno Teixeira. Foi exatamente há um ano. A pré-época precipitava-se para o fim e o treinador dos bês era convidado a assumir o comando da equipa principal do Vitória Sport Clube, sabendo que a primeira pré-eliminatória da Conference League estava mesmo ao virar da esquina. O peso da “responsabilidade” era colossal, mas não se tratava de um tiro no escuro. “O balanço deste ano é claramente positivo. Para assumir um cargo com tanta responsabilidade, teria de estar minimamente preparado. Por um lado, as coisas que foram acontecendo não foram assim muito inesperadas; por outro, só quando os problemas surgem é que se tem a noção clara do que é ser treinador da equipa principal do Vitória. Estando por fora, pensamos sempre que as coisas se resolvem de uma forma fácil, mas não é bem assim. Foi um grande desafio”, refletiu o treinador.

Puxando atrás a fita dos últimos 12 meses, Moreno assume que “voltaria atrás em determinadas coisas”. “Não sou daqueles que diz que repetia tudo. Não foram erros de ordem técnica ou tática, até porque são válidas todas as formas de olharmos para o futebol. Só que um treinador de futebol de um clube com a dimensão do Vitória tem de tomar várias opções que vão muito além das quatro linhas. Aí sim, tomaria posições mais ajustadas”, comentou, embora sublinhando que em momento algum se arrependeu de ter aceitado o convite que lhe foi endereçado pelo presidente António Miguel Cardoso. “Nem pensar”, reforçou. O começo “foi difícil” e praticamente implicou noites a fio em branco. “Dormia apenas algumas horas por noite. Foi assim no primeiro mês, muito por termos entrado logo em competição. Perdi bastante peso por falta de apetite, por cansaço mental, pelas poucas horas de sono. No entanto, com a ajuda de muita gente, e muitas dessas pessoas não costumam aparecer, as coisas ajustaram-se e tudo correu no caminho certo”, recordou.

Dos retalhos de uma época atribulada, marcada por sucessivas lesões, emergiu uma equipa competitiva. A qualificação europeia foi a consequência, mas o técnico não se dá por satisfeito. “Nenhum treinador tem uma equipa à sua medida, há sempre coisas a ajustar. Há que melhorar. A acomodação é o primeiro passo para o insucesso no futebol. Há sempre muito trabalho para fazer”, observou, embora sem esconder que foi com orgulho que viu Celton Biai, André Amaro e Zé Carlos, três dos vários jovens que foi polindo, serem chamados a representar Portugal no Europeu de sub-21. “A evolução desses jovens satisfaz-me muito, mas nunca deixei de ser justo e coerente com todo o grupo de trabalho. Não olho a idades e a nacionalidades, olho só para o rendimento de cada um. Disse isso aos jogadores logo no primeiro dia. São todos iguais. Se esses jovens apareceram na equipa é porque demonstraram que tinham capacidade para dar boas respostas, mas também precisaram dos colegas mais experientes e estáveis”, testemunhou.

Concluída a primeira missão, sobra “a ambição que é sempre grande neste clube”, conforme repete Moreno vezes sem conta. É um mantra que vem de longe, desde os tempos em que era um entre muitos jovens do clube a lutar por um sonho maior. “Não dá para nos acomodarmos. Parto para esta época a partir do princípio de tentarmos fazer melhor do que na anterior. É esse o nosso desafio no dia a DIA. Este clube exige muito de todos os profissionais, mas também sei que poderei condicionar o rendimento dos meus atletas se colocar mais pressão. E também sei que que não vou ter a margem de tolerância que tive na época passada. Não preciso que me digam isso, tenho essa consciência. Vamos trabalhar sempre com o objetivo de fazer o melhor possível; depois veremos o resultado no final”, perspetivou.

Dos “vários momentos” gravados na memória referentes a um ano em cheio, Moreno destaca a “imagem do fim do jogo com o Gil Vicente”. Do relvado à bancada sul do Estádio D. Afonso Henriques, a comunhão foi total entre atletas e adeptos e fez estremecer o treinador. “Resumiu aquilo que eu idealizava para esta época. Aquele momento de união entre a equipa e a bancada foi mágico, foi o máximo”, vincou.