A recuperar de uma intervenção cirúrgica a um joelho que inviabilizou a sua presença em Celje, por ocasião do primeiro jogo oficial do Vitória Sport Clube nesta época, o antigo internacional esloveno aposta num desfecho festivo na segunda mão desta quinta-feira. O ambiente infernal do palco dos Conquistadores significará meio caminho andado para a qualificação
Por ironia do destino, de pouco valeu a Zlatko Zahovic que o Vitória Sport Clube se tivesse deslocado ao seu país (Eslovénia) para poder matar saudades do primeiro clube que representou em Portugal e rever “velhos” amigos. A convalescença de uma intervenção cirúrgica complicou-se por causa de uma bactéria, condicionando-lhe de forma implacável a mobilidade, pelo que não lhe restou outra alternativa senão assistir à primeira mão com NK Celje, referente à segunda pré-eliminatória da Conference League, pela televisão, quando se encontrava a uma distância de apenas 40 quilómetros. “Fiquei muito triste Só em sonhos imaginava ter o meu clube do coração tão próximo de mim… e depois não pude lá aparecer. Espero recuperar bem e, à primeira oportunidade, vou a Guimarães para assistir a um jogo naquele belo Estádio do D. Afonso Henriques. Tenho muitas saudades do clube e de Guimarães. É incrível por causa dos seus adeptos. Fazem ambientes incríveis naquele estádio”, destacou o antigo internacional esloveno numa entrevista exclusiva à comunicação do Vitória Sport Clube, certo de que a equipa comandada por Moreno Teixeira voltará a levar a melhor na partida desta quinta-feira, seguindo em frente na competição.
Segunda mão: “Todos os cuidados são poucos contra essa equipa. Nesta fase de qualificação, as equipas ainda estão no início e, naturalmente, o Vitória SC pode estar um pouco sem ritmo. O NK Celje tem qualidade, pelo que tudo pode acontecer nessa segunda mão. Em Guimarães, naquele estádio e com aquele ambiente, o NK Celje vai ter, no entanto, uma tarefa muito complicada, muito difícil. Vão passar por um mau bocado”.
Estádio D. Afonso Henriques: “É um travão gigantesco aquele estádio para as equipas visitantes. Tirando os palcos de Benfica, FC Porto e Sporting, o Estádio D. Afonso Henriques é o campo mais difícil do futebol português”.
Impressões sobre o Vitória SC: “Notei alguma falta de ritmo no primeiro jogo, mas a equipa é muito boa em termos técnicos. Tem vários jovens e todos de muita qualidade. Quando acertar na fase defensiva, o Vitória irá tornar-se uma grande equipa”.
Favoritismo: “Tenho a certeza de que o Vitória SC voltará a ganhar. Tem muito mais qualidade e teve tempo suficiente para melhorar e corrigir os erros que cometeu na primeira mão. Não tenho dúvidas de que o NK Celje vai passar por um mau bocado. É um jogo europeu especial, dá prestígio e o NK Celje vai jogar num ambiente infernal. Isso dá muita energia aos jogadores da casa. Vão sentir-se muito importantes e fortes, rumo ao caminho certo: isso dá muita confiança e vontade de satisfazer os adeptos”.
Jogador que impressiona: “Jota Silva impressionou-me pela velocidade. Chamam-lhe Jack Grealish [jogador Manchester City e da seleção inglesa] pelas parecenças físicas e estilo? Isso é giro. Tem, de facto, muita rapidez e genica. Como ainda só tem 23 anos, vai fazer uma boa carreira e não me surpreende nada que tenha jogado no Campeonato de Portugal. O futebol português tem tanta qualidade e talentos… Qualquer jogador português é bom de bola”.
Moreno como treinador: “Lembro-me bem de ver jogar o Moreno, como central e médio-defensivo. É muito importante que a equipa tenha um treinador que conheça bem a mística do Vitória SC. Trata-se de um clube especial. Quem não conhecer bem o pensamento daquelas pessoas, não tem tarefa fácil. Há sempre dias difíceis e o conhecimento que o Moreno tem sobre o clube ajuda-o a tomar as decisões mais adequadas”.
Sangue quente: “Fui muito feliz em Guimarães. O povo é muito parecido com o de Maribor, a minha cidade natal. São pessoas de sangue quente, torcem pelo clube até à morte. É difícil explicar. É um privilégio sentir isso. Devo muito da minha carreira a esses anos em que representei o Vitória SC. Era muito jovem, mas adaptei-me muito facilmente àquela terra e ao futebol português. Sempre acreditaram em mim, incluindo nos dias difíceis, e tudo deu certo”.
A qualidade que testemunhou: “Enquanto representei o Vitória SC, durante três épocas, o clube teve sempre grandes equipas e grandes jogadores. Em casa, na Luz, em Alvalade ou no Dragão, era sempre um adversário muito forte e que tornava incertos os resultados. Tínhamos Vítor Paneira, Neno, Capucho, Quim Berto, Zé Carlos, Gilmar, Dane, Pedro Barbosa, Brassard, Dimas… Até tenho medo de me esquecer de alguns, porque eram todos muito bons. Havia qualidade em todos os setores da equipa”.
Melhor recordação pelo Vitória SC: “Aconteceu nas Antas [1995/96]. Estragámos a festa ao FC Porto, com um golo meu no último minuto (2-3). O FC Porto já tinha o título de campeão nacional na mão e, naturalmente, queria celebrar isso com uma vitória nesse jogo em casa, mas não lhes demos essa possibilidade. Era o FC Porto de Bobby Robson e José Mourinho. Num estádio cheio, tivemos muita personalidade. O nosso treinador era o Jaime Pacheco, o grande Pacheco. Era ainda um jovem e transmitia-nos muita energia”.
O eterno grande: “O futebol mudou muito e as cartas baralharam-se. O Vitória SC deparou-se com problemas financeiros durante algum tempo e atrasou-se um bocado. Mas há uma coisa que jamais mudará em Portugal: só tem quatro grandes, sendo o Vitória SC um desses clubes. Isso nunca mudará. Isso não vai mudar nunca”.
Gratidão: “Estou agradecido por aqueles três anos que vivi no Vitória SC. Tenho aquele povo no coração. Serei vitoriano o resto da minha vida. Passei por muitos clubes, respeito-os a todos, mas o Vitória SC é especial porque foi o meu primeiro clube no estrangeiro. Respeito muito aqueles adeptos, respeito o clube pela história daquele grande clube. Um abraço para todos desde a Eslovénia. Desejo uma época brilhante ao clube, mais uma. Não interessa o adversário, mas mal possa vou aparecer. Quero muito ir a Guimarães”.