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“Foi um momento de inspiração”

Lumungo fala do golo, da origem do nome e do momento atual da Equipa B

“Foi um momento de inspiração”. É desta forma que Ronaldo Lumungo fala do golo – corrigimos: do grande golo – que apontou ao SC Beira-Mar. Depois da estreia a marcar na jornada anterior, e do primeiro golo em Aveiro, o extremo quis chamar a si todo o protagonismo da partida, e da jornada, apontando um golo a fazer lembrar outro Ronaldo.

No estádio, na televisão, ou até nas inúmeras partilhas do golo nas redes sociais, foram muitos os adeptos que relembraram o momento de genialidade do “Fenómeno” quando em 1996, bisou ao serviço do Barcelona. O jogador ainda não era nascido mas já o seu nome era uma homenagem a este momento. Sim, caro leitor, há estórias curiosas a descobrir sobre este internacional por São Tomé e Príncipe.

Nascido no Gabão, Lumungo viajou para outro país com a mãe quando tinha apenas 4 anos. Aí, começaram uma vida “nova”, onde a bola teve logo destaque. E, ao contrário da maioria das crianças, não foi por influência do pai que o jogador seguiu o mundo do futebol. “A minha mãe era jogadora, fazia-o por desporto, mas jogou até aos 31 anos e foi por vontade dela que, aos 5 anos, comecei a jogar. Mais tarde, já com 17, e depois de ser chamado aos escalões de formação da Seleção de S. Tomé e Príncipe, ela quis arriscar e vir para Portugal para tentarmos a sorte no futebol português. Depois de algumas passagens menos positivas por clubes menores, cheguei ao Vitória e aqui estou a mostrar aquilo que posso valer”, começou por dizer.

O percurso até à cidade-berço “não foi fácil” mas em momento algum o jogador pensou em desistir. É também por isso, pela consciência das dificuldades, que não se ilude com o momento “fantástico” no Municipal de Aveiro. Ainda assim, é natural que os olhos brilhem hoje…apesar da má noite de sono.

“Já vi o golo mais de dez vezes”

O sorriso e a boa disposição, naturais de quem marca um golaço que corre o mundo, escondem as poucas horas dormidas. Ainda assim, o jogador quer que o motivo das insónias seja sempre este. “Já vi o golo mais de dez vezes. Aliás, no momento não tive noção da espetacularidade do golo mas depois de o ver, percebi realmente que me tinha corrido muito bem. Recebi muitas mensagens de amigos, família e de adeptos que não conheço mas que quiseram mostrar-me apoio. Adormeci já depois das 3 da manhã…”, contou.

Numa equipa que conta com o melhor ataque da Série B, Lumungo destaca-se por fazer o gosto ao pé em dois jogos consecutivos. O último resultou também de uma das suas características: a velocidade. Foi, também por isso, que o ex-ponta de lança passou para as alas nas últimas épocas. “A minha mais-valia é a velocidade então ali eu só pensei em correr e fazer o golo. Antes de marcar, temos de pensar rápido e os defesas normalmente entram de carrinho no momento da finalização então na hora tive de travar, tocar a bola para o lado, esperar que o jogador caísse e rematar”, explicou. Quem também quase caiu, mas de emoção, foi a mãe do atleta. Quis o destino que a progenitora estivesse no estádio a ver o jogo e que, anos depois da aposta, testemunhasse a evolução do filho: “Ela não costuma ir ver os meus jogos, porque está a morar em Lisboa e nem sempre consegue. Fiquei ainda mais feliz por poder ter marcado na presença dela. Aliás, dela e do meu tio, que veio cá de São Tomé e Príncipe, e viu um jogo meu pela primeira vez”.

“Quero fazer mais golos do que no ano passado”

Conta com três mas quer marcar muitos mais. A meta está definida: fazer mais do que no ano passado. “Vou continuar a dedicar-me muito para chegar mais longe. Vir para o Vitória foi uma das melhores coisas que me aconteceu na vida e tenho de agarrar esta oportunidade. Há milhares de miúdos a lutarem pelo mesmo sonho e só quero é justificar com golos e exibições. Para este ano, não tenho um número mas quero fazer mais golos do que no ano passado, por isso, tenho de fazer mais de 14”, disse.

Com a equipa “a evoluir”, o sucesso está mais perto mas Lumungo não se ilude com o passado recente. O jogador reconhece que o grupo está “mais forte” e “mais confiante” e que o objetivo é “praticar um bom futebol”. “Começámos mal mas conversamos, internamente, e dissemos que tínhamos de nos superar. Temos marcado muitos golos e isso também nos motiva mas sabemos que vamos ainda encontrar muitas dificuldades. Há campos muitos difíceis como o sintético em Valadares”, exemplificou.