A prever um jogo diferente da Taça, mais fluído e com menos interrupções, o treinador aposta num Vitória SC poderoso, sem qualquer medo do FC Porto
A derrota pela margem mínima frente ao FC Porto, a contar para a primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, não deixou Álvaro Pacheco convencido. O treinador sente que o Vitória Sport Clube tem capacidade para se superiorizar aos azuis e brancos e acredita que esse momento poderá verificar-se já no reencontro marcado para deste domingo, no Estádio do Dragão. Escudando-se a revelar quem será o dono da baliza vitoriana com a ressalva de que Bruno Varela e Charles dão-lhe todas as “garantias”, Pacheco entende que o caminho para o êxito passará por um futebol “acutilante” conjugado com a “serenidade” possível nos momentos de maior pressão.
Ser conquistador: “O objetivo é mesmo sermos conquistadores no Dragão. Em relação ao último jogo, acredito que temos de ser mais audazes, mais corajosos e mais ambiciosos principalmente com bola. É necessário que o nosso jogo posicional seja fantástico e que tenhamos uma melhor capacidade de decisão e de discernimento no último terço para fazermos aquilo que fazemos normalmente, que é criar oportunidades de golo. Nós queremos conquistar os três pontos e, para isso, temos de criar oportunidades e temos de ser capazes de as finalizar”.
Foco: “Olhando para o último jogo, creio que foi uma exibição consistente de toda a equipa. À semelhança do que eu acredito que vai acontecer neste próximo encontro, às vezes são pequenos pormenores que decidem, mas as coisas só acontecem a quem está a jogar. O mais importante é não duvidarmos das nossas capacidades. Falando em concreto do nosso capitão, acho que é inequívoco que é uma mais-valia e é evidente a sua importância e tudo o que dá à equipa. Portanto, temos de estar focados já no próximo jogo e não ficarmos agarrados ao que já passou. Eu não ligo nada a isso. Os jogadores têm de saber lidar com o erro e com as coisas menos positivas e sobretudo estarem cientes das coisas que nós somos capazes de fazer e das coisas que já fizemos para olhar para o próximo jogo”.
Histórias diferentes: “São dois jogos diferentes. O jogo que disputámos cá foi o jogo da Taça. Já vi várias vezes o jogo. Foi uma questão de estratégias. O Porto também optou por isso. Houve a intenção de prolongar o jogo e levá-lo para a segunda mão e para o seu estádio. Não se expôs muito, não teve muita agressividade, não houve muito ritmo de jogo. Agora vamos disputar um jogo do campeonato. Há três pontos em disputa. O Porto, se quer continuar a acalentar a esperança de ser campeão e de olhar para o segundo lugar, tem que jogar para ganhar. Não pode entrar com a perspetiva de resolver num segundo jogo. Nós temos de ser capazes de perceber em que aspetos é que não fomos tão fortes no último jogo e temos de corrigir isso já amanhã. Principalmente com bola. Acho que estivemos muito bem sem bola. Não permitimos muitas oportunidades ao Porto. As oportunidades que o Porto criou foi mais em transição e, portanto, temos de melhorar o nosso jogo posicional e os nossos desequilíbrios para não permitir que o Porto faça essas transições que são muito fortes. É necessário sermos mais acutilantes, mais audazes, mais corajosos e principalmente temos de ter mais serenidade e mais tranquilidade no último terço para sermos capazes de definir melhor, para criarmos situações e para sermos capazes de as finalizar”.
A influência do jogo da Taça: “O jogo da Taça de Portugal foi muito equilibrado. As duas equipas definiram tudo ao pormenor. Não tenho dúvidas de que este segundo jogo com o FC Porto também será assim. Teremos de jogar com grande foco e determinação, estando sempre ligados, porque serão os pormenores a decidir o jogo”.
O momento alto de Jota Silva: “Quando falamos do Jota Silva temos de falar do grupo e da equipa. Quando uma equipa é forte e consegue bons resultados, começam a sobressair as individualidades. No caso do Vitória SC, tem sobressaído o Jota e não só. Várias individualidades têm-se destacado por mérito, capacidade e pela sua disponibilidade. Todos têm tido uma evolução fantástica e o Jota Silva é o reflexo disso mesmo. Tem uma história bonita. Há quatro anos jogava na distrital e agora já é jogador da Seleção Nacional. É inspirador para qualquer jovem que gosta do futebol, para todos”.
Ambição no campeonato: “Tenho muita ambição. Para já só penso em alcançarmos os 56 pontos o mais rapidamente possível. Temos essa oportunidade no jogo de amanhã [domingo] e, para tal acontecer, teremos de ser Vitória. Com bola e sem bola, temos de ser Vitória. Temos que acreditar nisso, do princípio ao fim, temos que ter espírito de conquistadores. Devemos ser corajosos, audazes e nunca ter medo, sabendo que todas as equipas passam por momentos de dificuldade no Estádio do Dragão. Nessas fases, há que manter a calma e a serenidade, trabalhando no sentido de voltarmos a pegar no jogo de modo a chegarmos ao golo e aos 56 pontos”.
FC Porto a assumir o jogo? “Sim, penso que vai fazer isso. No nosso estádio, fez por retirar-nos o nosso jogo, aqueles aspetos em que nós nos sentimos mais confortáveis. Esse jogo teve muitas quebras, não teve ritmo. Houve muitas faltas e paragens. Acredito que isso já não vai verificar-se amanhã [domingo] no Dragão. Será um jogo mais emotivo e mais agradável de acompanhar. As duas equipas vão querer ganhar, sendo o nosso objetivo chegar aos 56 pontos o mais rapidamente possível. Já o FC Porto quer aproximar-se dos lugares da frente, pelo que que será um jogo fantástico”.
Bruno Varela ou Charles na baliza? “São dois excelentes guarda-redes e dois excelentes seres humanos, da mesma forma que também são muito bons os mais novos. Deixam-me descansado. Quem vai jogar dá-me garantias. Eles já sabem quem vai jogar, mas hoje não vou dar essa benesse ao Sérgio Conceição”.