O técnico vitoriano acredita que o segredo para avançar para a próxima eliminatória da UEFA Conference League passa por “manter o rigor, o foco e a concentração” da primeira mão

Com a vantagem por 0-3 conquistada na primeira mão da eliminatória, Rui Borges parte para o derradeiro jogo frente ao FC Zürich com a certeza de que o adversário ainda vai querer disputar a passagem ao play-off da UEFA Conference League. No entanto, garante que a equipa não teme o encontro da segunda mão e está preparada para enfrentar as dificuldades que os suíços vão tentar impor em solo português. “Treinamos, idealizamos algumas coisas, mas é no terreno de jogo que temos de dar respostas”, disse aos jornalistas na conferência de imprensa de antevisão. O técnico garante que grupo está confiante com os resultados e nível exibicional apresentado nos últimos jogos e garante que não vai facilitar na procura pela vitória no regresso ao Estádio D. Afonso Henriques.
Rigor, foco e concentração: “Trouxemos uma vantagem e não podemos fugir dela. Agora cabe-nos manter o rigor, o foco e a concentração perante o adversário e aquilo que nos pode causar. É uma equipa que só tem um resultado negativo desde que começou a época e foi connosco. É primeiro classificado no seu campeonato, vem de um triunfo, é uma equipa moralizada sobretudo por causa dos resultados internos. Estamos precavidos para isso. Um golo pode mudar tudo, nomeadamente no pensamento e força mental para o resto do jogo tanto para a equipa que marca como para a equipa que sofre. Tudo muda num instante. Nós temos de estar preparados para isso e evitar ao máximo. Precisamos de perceber que eles vão querer estar fortes desde o início do jogo para tentar entrar na eliminatória. Não podemos deixar. Precisamos do mesmo rigor e foco com que entramos no jogo em Zurique. Deu frutos ao longo dos 90 ou 95 minutos. Percebemos que os primeiros minutos foram intensos, encontramos algumas dificuldades para impor o nosso jogo e temos de estar precavidos para isso. Amanhã pode e vai acontecer o mesmo, com certeza, porque o adversário vai querer entrar na eliminatória”.
O adversário: “Aqui, neste clube, não se teme nada. O nome do clube já diz tudo. Está habituado a ganhar, quer ganhar e não se quer cansar nunca de ganhar. Não tememos nada. Precisamos de estar precavidos para os pontos fortes do adversário. É uma equipa que tem variado a sua estrutura. Tem jogado num 4-4-2 losango, tem jogado num 4-2-3-1. Varia mesmo no próprio jogo. Temos de estar preparados para isso. O seu jogador-chave não jogou em Zurique, mas acredito que esteja apto para dar o seu contributo amanhã porque já o fez para o campeonato. É uma equipa muito forte nas bolas paradas, com defesas centrais muito fortes no ataque às bolas paradas. São muito fortes em termos defensivos”.
O grupo: “Há coisas que claramente identificamos e temos de estar preparados para elas. E estamos. Treinamos, idealizamos algumas coisas, mas é no terreno de jogo que temos de dar respostas. Olho para a equipa e vejo-a ligada, sem facilitismos e isso é muito importante. Vamos voltar a ligar o chip da Conference League e desligar o do campeonato. Esta parte pode ser difícil em parte, mas também não olho muito a isso. Ligar o chip é no jogo e nós temos de encarar este jogo como o próximo. O próximo é este e é neste que temos de estar focados independentemente de ser campeonato, Conference League ou taça. O que interessa é o jogo em si e não tanto a competição”.
João Mendes e Gustavo Silva: “O João está integrado com o grupo. Vai precisar do seu tempo para ganhar forma e dar o seu contributo à equipa. É um jogador especial dentro do grupo e é mais um para acrescentar porque tem muita qualidade. Vai dar mais dores de cabeça ao treinador. Relativamente ao Gustavo, ele chegou atrasado a respeito da disponibilidade física para acompanhar a exigência do clube, da equipa técnica e dentro da exigência da Conference e do campeonato. Vamos precisar de algum tempo para ganhar essa forma. Vai ganhá-la e quando acharmos que está em condições, dará o seu contributo também”.
Confiança e resultados positivos: “Já sabem que a cara de quem ganha não é a mesma de quem perde. Os triunfos passam confiança e os resultados são importantes. Começar bem é importante. Vínhamos de uma pré-época com resultados positivos. A malta ligou-se a isso e não quis entrar em bicos de pés. Percebem que a pré-época é isso mesmo e vale o que vale. Demos depois a mesma resposta nos jogos oficiais. Começámos com o Floriana. Disseram que era uma equipa mais fraca, com todo o respeito. Demos uma boa resposta fora e em casa. Depois, em Zurique, conseguimos dar uma boa resposta perante uma equipa que já tinha jogos de campeonato, mais adiantada do que nós relativamente à preparação física. Demos uma boa resposta e o grupo está focado. A confiança transmite-se e é importante no dia-a-dia para o grupo, nos treinos. Mais do que a confiança, é perceber que eles não deixam passar o limite para a confiança excessiva. Isso é que nos pode causar dissabores. Eles estão cientes da ambição de todos, a nossa e a deles, tanto no plano individual como coletivo. Nunca é só o coletivo porque o individual também existe, pese embora não se sobreponha ao coletivo. A ambição tem de ser partilhada por todos. Eles têm demonstrado essa ambição. Não têm diminuído o ritmo e o rigor. Começam a acreditar cada vez mais nas ideias e no discurso e nos comportamentos. Isso fica explícito nos resultados e nas exibições. Além dos resultados, a equipa tem dado boas respostas a nível exibicional. Sinto-os cada vez mais preparados fisicamente. Não mudamos muitos jogadores nos últimos jogos e eles deram respostas fantásticas a nível físico. Estou contente de os ver focados acima de tudo. A confiança e os resultados trazem mais coisas, mas nunca pode ser em excesso”.
Níveis físicos: “Todos os jogadores estão preparados para jogar e para não jogar. É tão simples quanto isso. Relativamente aos níveis físicos, mais do que eu falar, falam eles em campo e deram uma demonstração muito boa em termos físicos. Claro que nos momentos finais em Arouca sentimos um pouco mais, mas nada de especial. Mantemos o bloco um bocadinho mais médio, não fomos tão pressionantes, mas isso faz parte e às vezes também há mérito do adversário, mais do que demérito nosso. Também há qualidade do outro lado. Acho que deram uma boa resposta. Não vimos ninguém com cãibras, não vimos nada. Eles querem é jogar. Se eu lhes perguntar se eles querem jogar de domingo a domingo, querem jogar é domingo e quarta. Nunca estão cansados. Ainda hoje brinquei com eles antes do treino. No relatório diário, estavam todos fresquinhos. Se o jogo fosse no domingo, eles ainda estavam cansados à quinta-feira, mas hoje não. Já estavam todos frescos. É sinal de que querem jogar e dar o contributo à equipa. Eles estão bem e os jogos vão deixá-los melhores ainda”.

